segunda-feira, 11 de março de 2013

Powder Blue, ou o famigerado Ponto de Partida

Marlon Villas



Poderia resumir assim: Ponto de Partida (2009) é um bom filme; Ponto de Partida não chega a ser tudo isso. Mas não vou fazer uma coisa dessa, mesmo porque tenho que escrever um pouco mais do que um parágrafo aqui.

Poderia ser de outra forma: Ponto de Partida não chega a ser tudo isso, com exceção da fantástica e exuberante Jessica Biel, que ainda por cima faz o papel de uma stripper sensualíssima e com pitadas de masoquismo.

Aliás, que nomezinho mais fuleiro esse que arranjaram para o filme aqui no Brasil, hein. O original é muito melhor (Powder Blue), convenhamos.

Fiquei sabendo desse filme alguns meses atrás e resolvi assistir pensando que seria um daqueles filmes que deixa o espectador pensando e pensando no final. Infelizmente comigo não foi assim, mas acho que tem uma explicação pra isso.
Jessica B.

A trama toda é montada com aquele velho artifício de se contar várias histórias, cruzando as vidas das personagens entre si. Até aí nada de mais. O problema que eu vi no roteiro é que, por mais que a gente perceba o sofrimento de cada um no desenrolar da película (e olha que todo mundo ali sofre pra diabo, cada um à sua maneira com suas culpas e/ou desilusões), fiquei com a impressão de que já vi algo parecido.

Em todo caso, assista ao filme, não acho que você vá se arrepender, se gosta de dramas densos.

Uma moça (Jessica Biel), que acabou por se tornar stripper para pagar as contas médicas do filho que há muito tempo está em coma numa cama de hospital. Um homem por volta dos cinquenta anos (Ray Liotta) que saiu recentemente da prisão e que, para alcançar uma espécie de autorredenção, tenta ajudar a stripper de alguma forma. Um ex-religioso (Forest Whitaker) que saca todo o dinheiro que possui em uma conta bancária e busca pela cidade alguém que possa lhe matar com um tiro, pois não aguenta mais a vida. Um rapaz (Eddie Redmayne) que herda uma funerária do pai e não parece ter qualquer tipo de vida social.
Ray L.

Há também a participação do falecido Patrick Swayze, que morreu de câncer no pâncreas ainda no mesmo ano de lançamento da obra. Ele interpreta um dono da boate onde Jessica trabalha e é um sujeito intolerante e insensível. Ah, e Lisa Kudrow também, a eterna Phoebe Buffay, do seriado Friends, aparece como uma garçonete também sem muitas expectativas sobre seu próprio futuro.

Existem cenas pesadas, eu diria que quase beirando o surreal, porém perfeitamente plausíveis. Como as cenas de Whitaker interpelando um travesti e o rapaz da funerária em momentos diferentes, suplicando para ser morto, é chocante. Aliás, passagens magníficas, porque justamente são com Whitaker, um sujeito pra quem tiro o chapéu todas as vezes que o vejo atuando.
Forest W.

Também existem cenas belíssimas e muito comoventes, como o momento em que Jessica descobre que seu cachorro, que ela havia perdido, está com Redmayne e vai até o seu apartamento-quitinete recuperar o animal. Ele ainda não a conhece e pede para que ela não vá embora, então ela sugere que se deem um abraço. Depois disso, ambos desejam um novo abraço, pois percebem o quanto isso faz falta em suas vidas tão tristes.
Patrick S.

Mas acho que eu esperava mais, de certa forma. Acredito que algumas passagens ficaram a desejar em relação a diálogos ou exageros completamente desnecessários. O final eu nem vou comentar. Também me pareceu que algumas coisas em Ponto de Partida foram retiradas de outros filmes, não consegui ver o trabalho todo como algo tão criativo como imaginei que era. Talvez o problema principal seja esse: ter visto muitos filmes parecidos entre si. Isso não tira o mérito dos atores, que estão todos maravilhosos. Dá até vontade de confortar cada uma das personagens ali e dizer que tudo vai dar certo, mesmo que acabe não dando. Porque tudo nesse filme remete à esperança, por mais que ela, a esperança, humilhe e pisoteie e espanque e cuspa na sua cara.

PS.: nunca me apaixonei tanto pela Jessica Biel como nesse filme.

Título: Ponto de Partida (Brasil) / Powder Blue (original)
Lançamento: 2009
Direção: Timothy Linh Bui
Duração: 145 minutos

5 comentários:

  1. Eu ainda nao vi esse filme, por isso nao posso falar nada, entretanto as atuacoes da Jessica Biel costumam ser bem empolgantes como um picolé de chuchu (nao posso negar que ela é gatíssima além de ser a Sra. Timberlake, mas como atrizzzzzzzzzzzz).
    Vc já viu Biutifil?
    Recomendo fortemente, mas num dia ensolarado, por favor.

    Beijocas

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  2. Danizinha! Nesse filme a Jessica não tá ruim, não. Realmente ela não mostrou muita coisa como atriz, mas vale a pena conferir esse trabalho.

    E Biutiful é uma das minhas ideias pra escrever, já comprei o filme, vi 2 vezes, e vou ver se de repente faço uma miscelânea com Babel e Amores Perros.

    Beijos.

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  3. Amores perros é foda! Já vi e recomendo. Tem muitas imagens fortes também (principalmente pra quem adora cachorros).

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  4. Por algum motivo, ao ver a foto do finado Patrick Swayze nessa foto, achei que fosse o Kurt Russell, huahuahua. Fiquei curioso pra ver esse filme, principalmente pela 'atuação' da Jessica Biel ;)

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