Antes de tudo, gostaria de me desculpar pelo hiato de meses sem postar nada (tive problemas com meu computador e as atividades da faculdade estavam me consumindo). Agora toda vez que eu mencionar um clipe, farei o máximo pra achar algum bom exemplo do vídeo comentado e, assim, agitar um pouco esse blog, trazendo muitos clipes para os leitores.
...
No post anterior falamos de como a produção de vídeo clipes começou a crescer e ganhar importância, sendo um meio muito eficiente para a divulgação de músicas novas e artistas. Tão importante que até passou a ser encarada como uma commodity. Neste post vamos falar de como a indústria de clipes se desenvolveu na década de 80 e da criação dos canais que se dedicariam exclusivamente a exibição de vídeos musicais.
1981 – 1991: a
popularização dos videoclipes
Em 1 de Agosto de 1981, às 12:01 a.m.
de Nova York, o recém criado canal MTV exibia o vídeo “Video killed the Radio star” (lembram que eu disse no post
anterior que esse clipe seria importante?) e começou uma era de clipes musicais
24 horas por dia na TV. Com esse novo canal, os videoclipes ganhariam cada vez
mais importância no marketing musical, principalmente a partir de meados da
década de 1980. Muitos artistas importantes desse período – como Madonna e
Duran Duran – devem grande parte de seu sucesso ao apelo sedutor e à construção
habilidosa de seus clipes.
Duas inovações na produção dos clipes modernos foram o
desenvolvimento de técnicas mais simples e acessíveis de gravação/edição de
vídeo, além de melhorias nas técnicas de efeitos visuais, como as obtidas com
composição de imagens (como o Chroma key
– ou fundo verde – que foi muito utilizado no seriados Chaves e Chapolin, da
Televisa mexicana).
Para muitos brasileiros, uma das cenas mais icônicas feitas em chroma key |
A chegada dos gravadores de alta qualidade e de câmeras de
vídeo portáteis coincidiu com a política do “faça você mesmo” da era New Wave, o que permitiu que muitos
artistas pop produzissem vídeos promocionais de forma rápida e barata. Não à
toa, a década de 80 é recheada por clipes que hoje consideraríamos de gosto,
digamos, brega e duvidoso (o que, convenhamos, rende boas risadas). Conforme
esse gênero se desenvolvia, os diretores dos clipes passavam a preferir filmes de 35
mm como
meio preferido. Durante a década de 1980, os clipes tornaram-se quase que
obrigatórios para os artistas. Essa obsessão chegou a ser parodiada em um clipe
imperdível do programa Not the Nine O’Clock News, da BBC, chamado “Nice vídeo, shame about the song”.
Ao assistir esse vídeo não pude deixar de pensar que eles devem ter assistido Monty
Python por diversas vezes para ter inspiração. E sabe o que é pior? A música é legal e representa muito
bem os clichês de clipes daquela década, tanto que em vários momentos ele se assemelha ao clipe de Total Eclipse of the Heart, que só seria lançado um ano depois. A letra é um tanto desconexa, pois há
versos que não fazem sentido entre si (Vamos
passar a lua de mel em Berlin oriental / E, como lemingues, nunca vamos nadar /
A nave lunar do Diabo faz ondas no tempo / Meu irmão asiático diz ‘me dá um
trocado’). Nessa música talvez haja algumas críticas a acontecimentos da
época, já que eles falam sobre visitas a Alemanha Oriental (que era socialista)
e sobre o ‘irmão asiático’, talvez uma referência às conseqüências da guerra do
Vietnã, terminada em 1975, que deixou o Vietnã economicamente devastado.
Crítica aliada a humor: a melhor combinação, não é mesmo?
Nesse período, artistas e diretores começaram a explorar e a expandir a forma e o estilo dos clipes, usando efeitos mais sofisticados em seus vídeos e introduzindo uma história com enredos. Poucos eram os clipes que não mostravam os artistas (como nos raríssimos clipes de “Under pressure”, dirigido por David Mallet e “TheChauffeur”, dirigido por Ian Eme).
Em 1983, foi lançado um dos clipes mais bem sucedidos, influentes e icônicos: o vídeo de 14 minutos para “Thriller”, de Michael Jackson, dirigido por John Landis. Esse vídeo estabeleceu novos padrões de produção, com um custo de quinhentos mil dólares para ser feito (se hoje esse valor ainda é expressivo, imaginem naquela época). Esse vídeo e outros previamente lançados pelo rei do pop contribuíram para que vídeos de afro-descendentes pudessem ser exibidos na MTV, pois antes do sucesso de Michael Jackson estes eram raramente exibidos. A própria MTV alegava ser um canal orientado para o rock (quem diria, não?) o que justificava a falta de clipes de artistas afro-americanos. Contudo, muito se falava que a MTV não os exibia por conta de um ‘racismo descarado’.
Nesse período, artistas e diretores começaram a explorar e a expandir a forma e o estilo dos clipes, usando efeitos mais sofisticados em seus vídeos e introduzindo uma história com enredos. Poucos eram os clipes que não mostravam os artistas (como nos raríssimos clipes de “Under pressure”, dirigido por David Mallet e “TheChauffeur”, dirigido por Ian Eme).
Em 1983, foi lançado um dos clipes mais bem sucedidos, influentes e icônicos: o vídeo de 14 minutos para “Thriller”, de Michael Jackson, dirigido por John Landis. Esse vídeo estabeleceu novos padrões de produção, com um custo de quinhentos mil dólares para ser feito (se hoje esse valor ainda é expressivo, imaginem naquela época). Esse vídeo e outros previamente lançados pelo rei do pop contribuíram para que vídeos de afro-descendentes pudessem ser exibidos na MTV, pois antes do sucesso de Michael Jackson estes eram raramente exibidos. A própria MTV alegava ser um canal orientado para o rock (quem diria, não?) o que justificava a falta de clipes de artistas afro-americanos. Contudo, muito se falava que a MTV não os exibia por conta de um ‘racismo descarado’.
O rei do Pop e seus Dead Walkers. |
Ainda em 1983 seria lançado o primeiro rival da MTV: o Country Music Television (CMT) – ainda que exibisse uma
programação voltada para a música country. Entretanto, houve conflitos entre a
MTV e a CMT (esta, inclusive, acabou adotando a sigla CMTV em resposta a uma
denúncia feita pelo canal concorrente, fazendo com que a sigla dos dois canais
ficassem semelhantes). Hoje a CMT pertence à Viacom, que fundou a MTV Networks, administradora de operação de
vários canais de TV (inclusive a própria MTV). A CMT chegou ao Brasil em um
empreendimento conjunto com o Grupo Abril, mas teve uma vida curta, entre 1995
e 2002.
Em
meados da década de 80 a MTV começou a lançar suas ‘filiais’: em 1985 criou o VH-1: Video Hits One (ou VH1), que compreendia músicas mais suaves para
abocanhar um público maior; a MTV Europa foi lançada em 1987;
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Um dos primeiros clipes a utilizar animação computadorizada foi o
clipe de “Money for nothing”, do Dire
Straits, em 1985. O clipe foi bem sucedido e fez com que a canção se tornasse
um hit internacional.
Com métodos melhores de filmagem e com diretores
cada vez mais interessados em fazer clipes, o mundo musical começou a ganhar
clipes cada vez mais técnicos e memoráveis. Quem é que não se lembra de vídeos
como “November Rain”, “Don`t Cry” e “Stranged”
(Guns’n’roses), “Human” (Human
League), o cômico “The Ultimate Sin”
(Ozzy Osbourne) e do quase cinematográfico “Hole in my soul”,
do Aerosmith? Pois todos eles tem uma coisa em comum: o diretor. No próximo
post (que prometo, não vai levar meses pra sair) veremos a importância
crescente dos diretores nos clipes. Daria até o nome de um filme: “Rise of Directors”. Alguém se habilita
a fazer o roteiro?
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