Certa vez parei para pensar e notei que praticamente todos os meus
autores preferidos já estão mortos. Isso me deu desespero porque torna
minhas opções de leitura finitas. O que vou ler na área da ficção científica
quando acabar com toda bibliografia do Asimov, do Dick e do Clarke? Assim
resolvi que me daria a chance de conhecer autores mais jovens, que estivessem
vivos ou ao menos que eu nunca havia lido antes. Foi assim que acabei lendo
este Homem Máquina, do australiano Max Barry.
Vou ser sincero, nunca tinha ouvido falar do autor ou do livro. Mas eu
tenho vício de passear em livrarias e num desses passeios bati o olho na
belíssima capa do livro. Peguei o livro, folheei, li a orelha, paquerei a capa.
Como não era muito caro resolvi levar. Decisão mais do que acertada. Comecei a
ler num sábado de manhã e só consegui largar o livro no domingo à noite, quando
o terminei.
Em Homem Máquina somos apresentados ao Dr Charles Neumann, engenheiro
muito habilidoso em criar as mais diversas coisas no super moderno laboratório
da empresa Futuro Melhor e nada habilidoso no que se refere à relações
pessoais. Em uma série de eventos (engraçadíssimos) ligados à procura de seu
celular, Charles sofre um acidente e acaba perdendo umas das pernas. Em sua
recuperação ele conhece a especialista em próteses Lola Shanks, por
quem se apaixona, e recebe sua primeira perna mecânica. Intrigado pelo
funcionamento da perna o engenheiro acaba criando uma prótese melhor. Tão
melhor que ele acredita que sua perna natural também deveria ser substituída.
À partir deste ponto acompanhamos as transformações do personagem em uma
interessante mistura de Sci-Fi e humor negro, com muitos toques de crítica
social. Grandes livros de ficção científica são justamente aqueles que trazem
inseridas em suas histórias fantásticas questionamentos sobre algum aspecto
real da condição humana e Homem Máquina não desaponta nesse quesito. É possível
encontrar no texto metáforas para as mais diversas questões, como consumismo (principalmente
no que se refere à tecnologia), intervenções cirúrgicas cosméticas e interesses
das grandes empresas, tudo costurado por um texto ágil e divertido, que prende
o leitor que nunca deixa de se perguntar “até onde esse cara vai?”.
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Max |
Barry, que é engenheiro e já até trabalhou na HP, escreveu o livro de uma forma bastante moderna, publicando uma
página por dia em seu site, deixando que seus leitores deixassem registradas correções
e sugestões para a história. A edição final foi bastante modificada da versão
do blog, mas a ideia não deixa de ser curiosa.
Devido a sua formação o autor traz muita bagagem à história, sabendo muito bem onde cutucar o mundo das grandes empresas e o dos engenheiros, fazendo com muito mais propriedade e talento o que o Big Bang Theory tenta fazer.
Ao terminar o livro senti um alívio. A ficção científica ainda tem muita
lenha para queimar.
Goste da sua resenha, estava na dúvida quanto a comprar esse livro e você deu o empurrãozinho que faltava... valeu!
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