Dentre todas as pessoas que já conheci na vida, meu pai é a pessoa
que mais lê. A mesa da sala dele vive lotada de livros, coisa linda de se ver.
Em geral, ele comenta muito pouco comigo sobre os livros que está lendo, talvez
por nossos gostos não serem tão parecidos, mas certa vez ele me mostrou este
Gravidade, de Tess Gerritsen, e me garantiu "você gostaria bastante deste
aqui". Passou algum tempo, mas finalmente li o volume. E não é que é
adorei mesmo o dito cujo? O livro é uma ótima combinação de gêneros.
A princípio é um thriller médico, mas com contornos de uma história policial e
elementos de ficção científica, principalmente por se passar, em grande parte,
na Estação Espacial Internacional, a ISS.
A autora norte-americana, filha de imigrantes chineses, é formada em
medicina pela Universidade da Califórnia, por isso boa parte de seus livros é
composta por thrillers médicos como este. Sua primeira publicação foi o
conto "On Choosing the Right Crack Seed" que ganhou o primeiro
prêmio em um concurso promovido por uma revista. Seu romance de estreia saiu em
1987 e desde que alcançou sucesso como escritora ela tem se dedicado apenas a
isso, deixando a carreira como médica de lado.
A primeira analogia que me veio a cabeça ao ler Gravidade foi
"e se o Dr House estivesse em Alien, o oitavo passageiro?". Guardadas
as devidas proporções é exatamente esta a proposta de Gravidade, mas ao invés
do famoso ranzinza e sua equipe, o livro traz como personagens principais os
médicos Jack McCullum e Emma Watson, um ex-casal. Ambos os personagens fizeram
treinamento na NASA, mas apenas Emma conseguiu de fato se tornar uma
astronauta, uma vez que Jack já teve pedra no rim, uma condição médica que o
impossibilita de permanecer em microgravidade segundo as normas da agência
espacial. A história começa com a ida da Dra Watson à ISS, onde ela logo
enfrenta uma grande crise quando um de seus companheiros adoece gravemente e ela,
como médica à bordo, deve, além de cuidar de seu paciente, tomar importantes e
difíceis decisões.
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A simpática Tess Gerritsen |
Assim como os mestres Asimov e Clarke, Gerritsen tenta ancorar sua história em ciência real, tendo em sua
vantagem o fato da mesma se passar nos dias atuais, não em um futuro distante,
e em veículos e estações que existem de verdade. Cada capítulo é recheado de informações interessantíssimas sobre a vida dos astronautas e todo dia-a-dia da NASA, acredito até ter sido este o aspecto que mais me fascinou na obra. Mas diferentemente das
histórias contemplativas e filosóficas destes autores clássicos da ficção
científica, Tess conduz aqui uma história frenética, lotada de cenas
empolgantes, desde o primeiro capítulo, que se passa em submarino, até sua
conclusão. Assim, o livro não é indicado apenas para nerds aficcionados por ficção científica hard, mas também para quem gosta de aventuras com correrias contra o tempo, mistérios e desafios a serem superados pelos personagens.
A autora consegue transmitir todo o desenvolvimento da ação de forma
clara e fácil e as imagens se formavam automaticamente na minha mente. O livro
é um roteiro pronto para o cinema, lendo-o me sentia como vendo um filme
durante todo o tempo. Acredito que o único motivo da publicação não ter sido
levada às telas é o fato de que os ônibus espaciais, tão importantes no
desenvolvimento da história, foram aposentados poucos anos após seu lançamento
(1999). Ainda assim, se eu fosse produtor de Hollywood, apostaria fácil em uma adaptação para as telonas.
"e se o Dr House estivesse em Alien, o oitavo passageiro?" ahuahuha. Seus comentários são sempre muito bons!! Essa seria uma coisa que eu não imaginaria ;)
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