Marlon Villas
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Capa do álbum The Long Distance Trip (2010). (Fonte: http://stonerobixxx.blogspot.com.br/) |
Tem algo de pegajoso, algo que mexe com as entranhas
de um modo quase subliminar (se é que posso usar esse termo aqui), no som
desses caras que, pra mim, se transforma em grato contentamento toda vez que
escuto o álbum, ainda que já o tenha escutado várias vezes. Pode ser também que
um tempero bom para acompanhar as músicas seja a cerveja gelada, como neste justo
momento, junto de um cigarro bem tragado com sua fumaça atrapalhando minha
vista enquanto escrevo esse texto.
Ou o motivo principal, quem sabe, seja apenas um lado
melancólico-contemplativo-meditativo que pratico frequentemente com meu
cérebro, que nessas horas dá a impressão de absorver a plenitude dos pequenos
detalhes das coisas que me rodeiam. De vez em quando.
Descobri o Samsara Blues Experiment, que iniciou sua marcha em 2007, mexericando no
site Whiplash (http://whiplash.net/), uma
boa alternativa no Brasil para quem busca algumas ideias sobre o novo e o velho
na música do gigantesco mundo do rock. E a surpresa foi total quando escutei o
trabalho desse grupo alemão de quatro membros, muito provavelmente porque me
sentia cansado há algum tempo da mesmice que andava escutando vasta rede
mundial afora (vide Eram os deuses headbangers?).
Em princípio apenas me pareceu ser uma banda como
tantas outras, que não deveria ter nada especial a acrescentar à minha
experiência de apreciador de sons, confesso. Foi depois da primeira ou da
segunda música que percebi que o que eu começava a receber em meus ouvidos
saturados era algo a ser considerado com mais cuidado. E existia algum fundo de
verdade nisso.
O quarteto alemão - Samsara Blues Experiment. (Fonte: http://blues.gr/) |
Se você gosta de uma experimentação sonora com base
naquelas preciosidades que, para muitos que aprenderam o que é rock há pouco
tempo, deve soar como uma velharia mofada e ultrapassada que o papai ou o titio
escutavam quando tinham espinhas no rosto, o álbum Long Distance Trip (2010)
do Samsara pode causar nostalgia de um jeito diferente, de um jeito que
parece-que-já-ouvi-isso-mas-é-como-se-tudo-recomeçasse-agora. Tudo bem,
reconheço que essas palavras têm cara de exagero, mas é como me senti na
primeira vez, e ainda me sinto.
O álbum possui apenas 06 faixas, porém totaliza um
tempo de mais de uma hora de densa psicodelia (lembre de Pink Floyd), com certa
agressividade contida nas passagens da guitarra (lembre de Blue Cheer e,
talvez, MC5 e Dust, também), com toda uma criatividade de um dos melhores do
gênero na história (lembre de um tal de Jimi, criador de pérolas como Little Wing e Voodoo Child). Agora misture tudo no liquidificador.
Em Long Distance Trip posso citar coisas que
mereceram especialmente minha consideração (e vão continuar merecendo por um
bom tempo, creio), como as compridas e bem lapidadas Singata Mystic Queen e Center
Of The Sun – essa eu acho um belo trabalho alucinógeno através dos canais auditivos, vai por mim. Mas o conjunto
todo é um presente bem-vindo para alguém disposto a encarar uma Viagem de Longa
Distância musical e sem pré-julgamentos.
Álbum: Long Distance Trip
Artista: Samsara Blues Experiment
Lançamento: 2010
Gravadora/Distribuidora: World In Sounds Records
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