sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Skyline - A invasão da descerebração

Marlon Villas

(Fonte://jeniss.blogspot.com/)
Alguma coisa me dizia, antes do filme começar, que eu não me empolgaria tanto. Um tipo de intuição, sei lá. É, vamos chamá-la assim. A intuição, após a última cena, veio na minha orelha e sussurrou, “eu não disse?”.

De cara, afirmo que a única característica mais ou menos interessante da película, aquilo que chama mais ou menos atenção, são os efeitos especiais. Talvez porque sejam feitos com a mesma tecnologia usada em Avatar, de James Cameron. Ponto. É tudo muito mais ou menos, com o menos ganhando de lavada a cada minuto decorrente das cenas insossas, sem qualquer atrativo emocional. Se houvesse ao menos uma mínima ligação emocional que servisse de base ao horror vivido pelas personagens, poderíamos saber para quem dirigir nossa empatia (porque sempre tem que haver uma empatia por alguém numa obra cinematográfica, certo?), na batalha pela sobrevivência da humanidade contra invasores alienígenas sem piedade que vêm até aqui roubar nossos cérebros para controlar suas máquinas.

Foi isso mesmo o que eu entendi do filme?

Os alienígenas vêm até nosso planeta, sabe-se lá de quantos anos-luz estamos falando aqui, para capturar humanos, estourar seus crânios, arrancar cérebros para colocá-los dentro de máquinas e comandá-las com o intuito de capturar outros humanos, e assim por diante. Se isso era para ser assustador, não passou de um mote patético e descabido. Ou então os etês são muito estúpidos. Mas se são muito estúpidos, não deveriam nem ter construído aquelas naves gigantescas para passear pelo universo. Aliás, nem deveriam ter saído de onde vieram.

Atores, como todo o filme, sem expressão relevante.
(Fonte:http://tvcinemaemusica.wordpress.com/)
Ah, sim, os atores, já estava me esquecendo deles. É nisso que dá participar de um filme apenas para ganhar uma grana polpuda, sem qualquer respeito com os espectadores. Você é esquecido num fechar e abrir de olhos. Qual o nome do protagonista? Só procurando na internet agora. Qual o nome da personagem do protagonista? Sei não. É difícil reter o nome de qualquer um dos participantes do elenco, pois ninguém demonstrou envolvimento com o enredo. Sinceramente, parecia que tinham aproveitado os testes de audição dos atores na finalização do filme, porque acharam que ninguém perceberia a diferença. Sabe quando o ator ou a atriz vai tentar uma vaga, tem uma noção do que deve fazer, entretanto não sabe como fazer? É disso que estou falando.

Nem posso dizer que Skyline seja uma ficção científica, porque seria uma indecência. No máximo é do gênero ação, mas também isso não é totalmente verdade, já que se pode acabar bocejando em algum momento. Poderia ser um filme trash, com muita carga de efeitos especiais de última geração. Que mais?

Mais nada.

Título: Skyline (original) / Skyline – A Invasão (Brasil)
Lançamento: 2010
Direção: Colin Strause, Greg Strause
Duração: 94 minutos

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Eram os deuses headbangers?

Danilo Altman

Dia desses encontrei uns amigos e acabamos assistindo ao DVD do Wacken Metal Fest de 2011, o qual um deles tinha ido curtir in loco. Tudo muito bem, tudo muito bom, mas depois de quase 3 horas de DVD eu já me perguntava "ainda existe criatividade no metal?". Não me levem a mal, eu adoro heavy metal em praticamente todas as suas formas, mas é que esse é um caminho que tomo há uns bons 20 anos já, devo ter milhares de horas de voo acumuladas ouvindo, lendo revistas e sites, debatendo com colegas, indo a shows, fazendo air guitar, então acho que já cheguei num ponto onde posso olhar toda a cena nos olhos e dizer poucas e boas a ela.

Como todo headbanger já está cabeludo de saber, tudo começou lá no fim dos 60, começo dos 70. É verdade que algumas bandas já faziam experimentações mais pesadas. The Beatles, The Who, Blue Cheer, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Stteppenwolf e muitos outros já tinham espancado suas guitarras, mas foi só quando aquele quarteto ogro de Birmingham lançou seu álbum auto-intitulado numa sexta-feira 13 em 1970 é que o bicho realmente pegou. Osbourne, Ward, Buttler e Iommi. Se o heavy metal fizer um teste de paternidade no programa do Ratinho, não tenha dúvidas, foi do Black Sabbath que tudo veio. Os riffs distorcidos e pesados, as temáticas sorumbáticas, as roupas pretas... e até o famoso símbolo do chifre feito com o indicador e mindinho esticados, cortesia do segundo vocalista da banda, o sr. Ronnie James Dio.


Os pais.
(Fonte: lokaos.net)

E assim como foi o Black Sabbath, outras bandas viraram tudo o que se conhecia do avesso. Ou introduziram elementos novos no estilo. E não à toa viraram grandes medalhões do gênero, lançando clássicos atemporais. Sim, você sabe de quem estou falando. Iron Maiden, Metallica, Slayer, Pantera, Motorhead, Sepultura, entre alguns outros. E, claro, também existiram bandas que criaram algo de novo e desafiador, mesmo sem alcançar o sucesso comercial destes citados anteriormente. Cito, por exemplo, o grande Kyuss e seu stoner metal, ou o Theater of Tragedy, precursor do gothic metal estilo "a bela e fera", que acabou ficando popular alguns anos depois.


Primal Fear: até a calvície do vocalista é cópia.
(Fonte: http://rockmanaus.files.wordpress.com/)
É aí que finalmente chego ao meu ponto. O metal é um estilo de música supra-sumo, inventado pelos deuses e ordenado a nós que o tocássemos mais alto do que o inferno?

Não, pequeno gafanhoto, não é. É um estilo de música, como qualquer outro. E assim como no samba, no jazz, no j-pop, no tecno, no rock progressivo, na mpb, no __________ (preencha a lacuna com seu tipo de música preferido/odiado), tem uns 95% de picaretas e uma meia dúzia de artistas realmente bons. 

Nas tais 3 horas de DVD que assisti, o que predominaram foram bandas thrash. Estava tudo lá, os bumbos duplos, os vocais rasgados, os riffs cortantes... mas, e daí? O Metallica já não fez isso lá em 1983? E, aliás, muito melhor? 

Também teve show de um tal de Primal Fear. Vocal técnico, fraseados de guitarra, roupas de couro... opa, peraí... já ouviu falar de Judas Priest? Pra que vou ouvir esse cover?

Enfim, o que quero dizer é que não entendo gente que se prende ao subestilo do subestilo. Gosta de Rammstein? Ótimo! Excelente banda. Mas me diga, porque ouvir todas as 265178165 bandas de metal industrial que cantam em alemão? Não dá. Como eu dizia lá no começo, aos 20 anos de vida headbanger, acredito que já consigo ver que não é porque tem um cabeludo gritando e um solo de guitarra que uma música é necessariamente boa. É preciso criatividade. 


Mastodon: sim, ainda existe criatividade no metal!!!
(Fonte: http://gunshyassassin.com/)

Não é melhor se preocupar em buscar bandas/artistas realmente bons, ao invés de ficar simplesmente procurando por bandas/artistas feitos numa linha de montagem? Já que estamos falando nisso, sabia que fora do metal também tem muita música boa?

Claro que existem bandas que fazem um som calcado em conceitos pré-existentes e, ainda assim, se saem bem. Mas revirar esses conceitos, homenageando os clássicos e ainda fazer isso de forma contagiante e honesta, dando uma certa cara própria pro negócio todo é praticamente tão difícil quanto criar algo de fato novo. É para poucos. Se for para citar, eu colocaria nesse quesito as ótimas bandas Ghost e Down, por exemplo. Não fazem nada de novo, entretanto elas são como aquela menina bonita da sua classe, à qual você já estava acostumado, mas ao vê-la com um vestido diferente seus hormônios borbulham novamente.

Respondendo minha própria pergunta, se "ainda existe criatividade no metal", a resposta, felizmente, é sim. Demanda paciência e garimpagem, mas lá nas fossas abissais do mar de mp3 que tem por aí, ainda há bandas com seu próprio brilho e que merecem ser ouvidas. O que um macaco velho como eu não aguenta mais é esse festival de covers involuntários.