sexta-feira, 7 de junho de 2013

Alice in Chains - The Devil Put Dinosaurs Here (2013)

Quando foi anunciado o retorno do Alice in Chains com um novo trabalho e um novo vocalista todos os fãs experimentaram uma enorme apreensão. Poderia a banda sobreviver sem seu icônico vocalista Layne Staley? Quem poderia substituir à altura uma figura tão talentosa e carismática? O vocalista e guitarrista Willian DuVall entrou na banda e os caras tiveram com Black Gives Way to Blue um excelente recomeço. Aquele álbum foi pensado e executado como uma reapresentação da banda e do novo integrante, investindo em músicas que buscavam elementos passados e consagrados de forma bastante convincente. Desta forma, o cd de 2009 foi mais uma visita aos álbuns passados com uma roupagem nova do que uma evolução da banda, que vinha agregando novos elementos e se alterando em cada novo trabalho. A missão foi cumprida com louvor, assim eu imaginava (e esperava) que a banda voltaria à sua "metamorfose ambulante" em seu segundo álbum da nova fase. Entretanto, o que o AiC fez em The Devil Put Dinosaurs Here foi lançar uma espécie de Black Gives... parte 2.


Dá pra dividir o álbum em 3 grandes blocos distintos: As músicas pesadas, baseadas em riffs fortes de guitarra e andamentos moderados de bateria; as músicas densas e depressivas, arrastadas e com dedilhados tristes; e por fim as sempre presentes baladas. 

O cd abre com 3 pauladas: Hollow, Pretty Done e Stone. São todas faixas muito boas, entretanto soam de forma muito semelhante entre si. É até curioso que a banda tenha escolhido colocar essas músicas em sequência, o que acaba por tirar um pouco do impacto individual de cada uma. Dá a impressão que os músicos encontraram uma fórmula e vão repeti-la até o fim. Ao ouvir esse primeiro bloco tive a impressão de que o AiC havia se tornado uma espécie de AC/DC do grunge.

Voices é a primeira balada do disco. Bem no estilo da Your Decision do álbum anterior, porém sem o mesmo frescor. Assim como a Scalpel, que tem uma pegada meio country em seu arranjo. Ambas não se comprometem e não se destacam. Perto da grande experiência em baladas da banda essas duas músicas são bastante fracas.  Já a última faixa, Choke, é de longe a música mais emocionante do trabalho. Belas melodias vocais e arranjos. Adoraria ouvi-la sendo tocada em um set acústico ao lado de Nutshell e Over Now.

A faixa título vem naquele estilo Love Hate Love, com dedilhados e climas pesados. Gosto bastante do refrão, mais pela letra do que pelo ritmo, mas também não tem nada nela que a faça ficar grudada na memória. Lab Monkey mantém a pegada sombria, com algumas partes mais agitadas e um belo solo. Se destaca mais do que a anterior e o vocal de DuVall finalmente ganha mais destaque.

Low Ceiling é a faixa mais hard rock do trabalho, sendo a única que não tem pares no mesmo. É também a que mais me lembrou os trabalhos solo do guitarrista Jerry Cantrell. Uma faixa sem muita inspiração, mas que traz um solo de guitarra muito bonito, que a faz valer a pena.

Breath on a window tem um ótimo riff e um ritmo mais rápido do que as outras do seu estilo no cd. A variação de andamento e a guitarra do final da musica tornam ela mais épica ainda. Uma das melhores do trabalho, sem dúvidas. Já Phantom Limb volta a fórmula das 3 primeiras, guitarras e bateria pesadas, tendo o melhor riff principal de todo o álbum. Esta deve ser a música com maior destaque do vocal de DuVall. Aliás, acho uma pena que ele não apareça mais. Gosto da voz do Jerry e da dinâmica das duas vozes juntas, mas o vocal mais agudo e agressivo do "novo" vocalista confere mais emoção às faixas.

Hung on a Hook é a "Down in a Hole" da vez. Aqui DuVall canta os versos de forma muito diferente e interessante, em tons baixos, para explodir nos refrãos. Do bloco das músicas mais arrastadas é a mais criativa e minha preferida.

The Devil... é mais um bom trabalho dos caras. Não é melhor do que os álbuns clássicos, e talvez nem os próprios músicos tenham a pretensão de tentar superar aqueles registros. O grande pecado do grupo foi escolher fórmulas prontas e “fáceis” ao invés de se arriscar, como a banda fazia em seus primeiros anos. O AiC de hoje é uma grande banda de hard rock, sem dúvida dentre as melhores do estilo em atividade, mas que aparentemente não consegue mais sair de sua zona de conforto. Lugar que os trabalhos com Layne nem chegaram a conhecer.



Álbum: The Devil Put Dinosaurs Here
Artista: Alice in Chains
Lançamento: 2013
Gravadora/Distribuidora:   Capitol

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