quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A longa viagem de Samsara


Marlon Villas

Capa do álbum The Long Distance Trip (2010).
(Fonte: http://stonerobixxx.blogspot.com.br/)
Tem algo de pegajoso, algo que mexe com as entranhas de um modo quase subliminar (se é que posso usar esse termo aqui), no som desses caras que, pra mim, se transforma em grato contentamento toda vez que escuto o álbum, ainda que já o tenha escutado várias vezes. Pode ser também que um tempero bom para acompanhar as músicas seja a cerveja gelada, como neste justo momento, junto de um cigarro bem tragado com sua fumaça atrapalhando minha vista enquanto escrevo esse texto.

Ou o motivo principal, quem sabe, seja apenas um lado melancólico-contemplativo-meditativo que pratico frequentemente com meu cérebro, que nessas horas dá a impressão de absorver a plenitude dos pequenos detalhes das coisas que me rodeiam. De vez em quando.

Descobri o Samsara Blues Experiment, que iniciou sua marcha em 2007, mexericando no site Whiplash (http://whiplash.net/), uma boa alternativa no Brasil para quem busca algumas ideias sobre o novo e o velho na música do gigantesco mundo do rock. E a surpresa foi total quando escutei o trabalho desse grupo alemão de quatro membros, muito provavelmente porque me sentia cansado há algum tempo da mesmice que andava escutando vasta rede mundial afora (vide Eram os deuses headbangers?).

Em princípio apenas me pareceu ser uma banda como tantas outras, que não deveria ter nada especial a acrescentar à minha experiência de apreciador de sons, confesso. Foi depois da primeira ou da segunda música que percebi que o que eu começava a receber em meus ouvidos saturados era algo a ser considerado com mais cuidado. E existia algum fundo de verdade nisso.

O quarteto alemão - Samsara Blues Experiment.
(Fonte: http://blues.gr/)
Se você gosta de uma experimentação sonora com base naquelas preciosidades que, para muitos que aprenderam o que é rock há pouco tempo, deve soar como uma velharia mofada e ultrapassada que o papai ou o titio escutavam quando tinham espinhas no rosto, o álbum  Long Distance Trip (2010) do Samsara pode causar nostalgia de um jeito diferente, de um jeito que parece-que-já-ouvi-isso-mas-é-como-se-tudo-recomeçasse-agora. Tudo bem, reconheço que essas palavras têm cara de exagero, mas é como me senti na primeira vez, e ainda me sinto.

O álbum possui apenas 06 faixas, porém totaliza um tempo de mais de uma hora de densa psicodelia (lembre de Pink Floyd), com certa agressividade contida nas passagens da guitarra (lembre de Blue Cheer e, talvez, MC5 e Dust, também), com toda uma criatividade de um dos melhores do gênero na história (lembre de um tal de Jimi, criador de pérolas como Little Wing e Voodoo Child). Agora misture tudo no liquidificador.

Em Long Distance Trip posso citar coisas que mereceram especialmente minha consideração (e vão continuar merecendo por um bom tempo, creio), como as compridas e bem lapidadas Singata Mystic Queen e Center Of The Sun – essa eu acho um belo trabalho alucinógeno através dos canais auditivos, vai por mim. Mas o conjunto todo é um presente bem-vindo para alguém disposto a encarar uma Viagem de Longa Distância musical e sem pré-julgamentos.
Álbum: Long Distance Trip
Artista: Samsara Blues Experiment
Lançamento: 2010
Gravadora/Distribuidora: World In Sounds Records

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