sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pronto Para Recomeçar - Filme

Marlon Villas

Olha, é o seguinte: não sei (e neste momento não me interessa xongas) de onde tiram essas definições pra dizer o que é alternativo dentro de uma cultura como essa em que vivemos, mas é claro que não passa de uma ignorância até saudável da minha parte, disso sim, eu sei. Portanto aviso que não consigo me situar precisamente quando alguém chega dizendo que fulano é indie, que o visual é indie, que a música é indie, que a privada é indie, que Dercy Gonçalves era indie (desculpa, Dercy).

Não era nada disso o que eu queria dizer.

O que eu queria dizer é que, em algum lugar, li que esse filme é indie. Nem consigo definir se isso é um elogio, mas se alguém quiser saber um pouco mais a respeito sobre esta palavrinha (provavelmente do jeito errado, porém com muitos apontamentos bastante verossímeis), acesse http://desciclopedia.ws/wiki/Indie. Então, vamos lá.

Will Ferrell é um ator de comédias que não possui muita expressão facial fora daquilo que ele costuma fazer, que é trabalhar em cenas cômicas estilo pastelão, muitas vezes beirando o grotesco. O sujeito não parece conseguir mais do que o que todo mundo espera dele, sempre com a mesma cara, até quando tenta interpretar um homem mais sério. Ele possui certo carisma e talvez seja bem engraçado, sim, quando o roteiro ajuda. Penso que, no caso de Pronto Para Recomeçar (2011), poderíamos falar assim.
Will Ferrell / Nick Halsey.
(Fonte: http://ci.i.uol.com.br/)

A propósito: a escolha deste título em português tupiniquim ficou péssima. Podiam ter pensado em algo bem melhor, algo mais próximo do original (Everything Must Go). Agora não podemos reclamar, está feito.

Isso aqui está parecendo uma verborreia de indignação contra o filme, mas na verdade o produto final não ficou ruim. Penso que, no fundo, a escolha de Will para o papel de Nick Halsey pareceu dar o efeito desejado para o protagonista, justamente por essa característica ser a mais marcante da personagem, a de estar passando por maus bocados e não ter motivos para ser muito expansivo, afinal.

Nick Halsey é um homem com problemas alcoólicos, e que é despedido do cargo de vice-presidente de uma corporação. Ao chegar em casa, percebe que a esposa foi embora, não sem antes deixar todas as suas tralhas no gramado em frente e mudar todas as fechaduras das portas. A mulher não atende suas chamadas, bloqueia seu acesso à conta bancária e o deixa sem qualquer condição de se reerguer daquele redemoinho trágico. Um modo bem peculiar (entenda-se extremo) de mostrar ao companheiro que o relacionamento já era.
As tralhas do filme.
(Fonte: http://www.filak.com.br)

O que fazer então, quando não há perspectivas de melhora no pior momento de sua vida? Para Nick, o que sobrou foi encharcar o fígado de cerveja enquanto simplesmente espera o mundo passar, sentado em sua poltrona de frente para a rua. É quando conhece Samantha, a nova vizinha que acabou de se mudar para o bairro sem o marido e grávida, interpretada por Rebecca Hall (aquela tal amiga da Scarlett Johansson que não sabe bem o que quer da vida no filme Vicky Cristina Barcelona, com a mesma expressão meiga, porém mais madura, em algum sentido), e Kenny, um garoto obeso que não parece ter amigos e gosta de andar de bicicleta o dia todo, incorporado por Christopher J. Wallace.

Quando Nick resolve, por sugestão de um amigo, montar uma venda de garagem (ou melhor, de jardim,) de seus pertences (tradição norte-americana, poderíamos ter mais disso pelas bandas de cá), vai se apercebendo de que pode haver outra maneira melhor de seguir sua vida, pois mais que não desejasse isso. Aos poucos cai em si, vendo que tudo o que está no gramado, de certa forma, define aquilo que ele foi e que precisa ser revisto.

É uma daquelas histórias com toques de humor, sem qualquer fator que se possa chamar de surpreendente, porém com um aspecto de drama permeando quase todas as cenas. Continuo sem entender o papo indie (foi mal, Dercy, sinto muito, mesmo), mas o que importa é que o filme até que tem seu charme, pelo contexto real e inusitado como comédia.


Título: Everything Must Go (original) / Pronto Para Recomeçar (Brasil)
Lançamento: 2011
Direção: Dan Rush
Duração: 97 minutos

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