sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os paulistas do Xingu

Marlon Villas

Irmãos Villas-Bôas (atores Caio Blat, Felipe Camargo e João Miguel).
(Fonte: http://www.xinguofilme.com.br/)
Um brasileiro não possui normalmente a curiosidade de conhecer seu próprio país. Ficamos todos fascinados pela tecnologia, hoje ao alcance da mão ou de um cartão de crédito, fascinados/acostumados pelas grandes cidades cheias de iluminações em neon, salas de cinema e boates, e esquecemos de que esta nação é tão grande quanto sua desigualdade econômica, com tamanha disparidade cultural que, como já ouvi diversas vezes de diversas bocas (principalmente nas regiões Sul e Sudeste), "nem parecemos ser gente do mesmo povo".

Por isso existe tanta gente mais preocupada em tirar fotos ao lado de grandes monumentos das maiores capitais tupiniquins, ou louca para esbarrar em alguma celebridade da tevê (a grande parte centrada no eixo Rio-São Paulo, como de praxe), do que se aventurar pela vastidão exótica e tão diversificada que esta terra oferece.
Comemoração.
(Fonte: http://www.xinguofilme.com.br/)

Por isso existe tanto brasileiro despreocupado em conhecer de fato o que constitui esta imensa repúblicca em sua totalidade.


Recentemente assisti ao filme Xingu, dirigido por Cao Hamburger, que conta a saga de Cláudio, Orlando e Leonardo Villas-Bôas pelas terras do estado de Mato Grosso e do Pará, no início dos anos 1940. Uma história verídica de três irmãos paulistas que decidiram abandonar tudo e partir em busca de um desbravamento por regiões até então desconhecidas pela maioria dos cidadãos, dentro de uma expedição do marechal Cândido Rondon, um militar e sertanista reconhecido internacionalmente por suas ações de integração nacional na Amazônia brasileira. A missão era baseada em reconhecer, catalogar a geografia e firmar postos de localização para o governo.

Os desbravadores, quase todos homens simples e ignorantes, que apenas desejavam ganhar a vida de alguma maneira, ao se depararem com tribos indígenas ao longo dos caminhos que percorriam, muitas delas sem prévio contato com a civilização "branca", tiveram desconfiança dos nativos, e vice-versa. Depois foram sendo criados laços de convivência entre os dois lados, duas culturas completamente distintas. Anos mais tarde, em 1961, foi criado o Parque Nacional do Xingu, graças ao esforço, sem sombra de dúvida hercúleo, destes irmãos, que compreenderam a importância de preservação não só da fauna e da flora de toda aquela região, mas também dos costumes dos povos ancestrais que ali habitavam.
Desbravamento.
(Fonte: http://www.xinguofilme.com.br/)

Xingu retrata não somente a riqueza do país em sua regiões Centro-Oeste e parte do Norte, mas o que poucos homens são capazes de realizar diante de um ideal como nação, algo que, infelizmente como brasileiro, não consigo ver em meus compatriotas tão frequentemente. O filme resgata, a meu ver, um pouco daquilo que todo cidadão desta nação deveria aprender a valorizar mais: o real sentido de integração nacional, em todos os quesitos.

Um Brasil não é feito apenas de praias bonitas, belos locais turísticos, futebol, pagode, churrasco e miscigenação de raças e imigrantes, a meu ver. Tem algo muito mais profundo, urgente e majestoso por trás de tudo isso. Qual o verdadeiro orgulho de se dizer brasileiro, afinal de contas? Já parou para pensar nisso?

Título: Xingu
Lançamento: 2012
Direção: Cao Hamburger
Duração: 142 minutos

2 comentários:

  1. Eu fui ao cinema assistir a esse filme, mas não esperava muito. Nossa, foi uma bela surpresa! Devo ter passado uma ou duas semanas divulgando para os outros.

    PS: As imagens postadas não estão sendo exibidas, será que está com algum problema?

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  2. Talvez seja um problema no site de onde peguei as imagens...

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