quarta-feira, 27 de março de 2013

Pulp - a última grande tacada de Buk

Marlon Villas

Capa de edição de bolso.
(Fonte: farm6.staticflickr.com)
Foi uma boa opção para mim, que estava sem muitas opções (leia-se “disposição”) para sair de casa no último domingo. Eu já havia comprado o livro há alguns meses, porém o mesmo ficou esquecido junto a um pequeno monte de papéis sobre o balcão da cozinha. Vou procurar me vigiar de agora em diante que para que isso não volte a se repetir.

Segundo diz na contracapa, foi o último livro escrito por Bukowski antes dele falecer em 1994, alguns meses depois. E segundo diz na dedicatória, a novela é dedicada à subliteratura. Buk parecia, como sempre, estar pouco se lixando se os críticos literários apreciariam ou não seu trabalho intitulado Pulp, ao estilo das velhas histórias policiais, cheias de exageros e detetives de moral duvidosa, mulheres fatais, mistérios em cima de mistérios, enfim aquela miscelânea na qual se consagrou o estilo noir no cinema, a partir dos anos 1940.

Li todas as 176 páginas no mesmo dia. Acredito que tenha sido a leitura mais rápida que já fiz até hoje de um volume, mesmo se levar em conta a quantidade relativamente pouca de páginas. O estilo sem muitas preocupações estilísticas, marca bem conhecida de Charles Bukowski, me ajudou a devorar em poucas horas a história do detetive Nick Belane, um sujeito com poucas posses, que cobra barato por seus trabalhos de investigação (“Quanto é?” “Seis dólares a hora.” “Não me parece muito.” “Para mim, é.”), mete-se em brigas em quase todo bar que frequenta e que é contratado por Dona Morte, a própria, encarnada em uma mulher linda e extremamente atraente, que não deixa de ser alvo dos desejos sexuais do protagonista. Aliás, mulheres exuberantes e que despertam a atenção de Belane não faltam no livro.

O velho Buk mandando ver.
(Fonte: f.i.uol.com.br)
Dona Morte contrata o detetive para encontrar Celine, um escritor francês (que realmente existiu, e morreu em 1961, quase no mesmo dia que Ernest Hemingway) que ela acredita estar vivo. Com esta história a ser desvendada inicialmente, Nick Belane acaba se metendo em várias confusões, incluindo uma mulher que demostra ser uma alienígena, um certo Pardal Vermelho que é preciso encontrar, agiotas da máfia e muito mais.

É claro que, por se tratar de uma obra escrita pelo velho Buk, não faltam situações absurdas, um humor corrosivo e personagens que fogem completamente ao senso comum. Mas tudo, como dito antes, criado a partir das características noir de antigos escritores de mistério policial, como Dashiell Hamett, Raymond Chandler e David Goodis, dentre vários outros.

Aliás, isso me faz lembrar que estou devendo (ao menos para mim) um texto sobre filmes noir. Tentarei fazer isso, só não vou estabelecer um prazo pra você. Aí seria demais.

Pulp é o tipo de história excelente para quem gosta de uma mistura de mistérios, personagens sem-noção e situações hilárias, além de palavrões, bebidas e sexo. Sem contar o fato de que é uma novela com a assinatura de Charles “Hank” Bukowski, um mestre na arte de chocar e surpreender, por favor.

Título: Pulp
Autor: Charles Bukowski
Editora: LP&M
Número de páginas: 176

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