quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Trilogia da Escuridão

Marlon Villas


Olha, vou dizer uma coisa que já deve ser batida: essa onda de vampiros já surgiu detonando com a paciência de muita gente.

Não me entenda mal. Quero dizer que os vampiros podem ser criaturas do imaginário humano bastante interessantes, mas tem escritores por aí (né, dona Stephenie?) que avacalham com os sugadores de sangue de tal maneira, e tem tanta moçada que ainda diz que vampiros purpurinados e outros afins são legais, que fico me perguntando se o fim dos tempos não teria sido uma boa ideia, afinal, neste ano que acabou de findar.

Aliás, desejo um feliz ano novo pra todos. Menos pra Stephenie.

Só que tem escritores que ainda procuram salvar a boa reputação dos vampiros, como monstros sem alma e  cheios de crueldade e insensibilidade. Foi por isso que resolvi ler até o fim a Trilogia da Escuridão. Confesso que, no início, fiquei com o pé atrás, mas depois relaxei, vendo que a dupla de autores da Trilogia levou seu trabalho bem mais a sério do que vejo em todo canto ultimamente.

Estes livros - Noturno, A Queda e Noite Eterna - foram criados a quatro mãos por Guillermo Del Toro e Chuck Hogan. Del Toro é bem conhecido por ser diretor de alguns bons filmes de ação, sendo talvez mais famosos os dois que contam aventuras loucas do filho do demônio, Hell Boy, além de entrar como participante no roteiro de O Hobbit, recentemente estreado nas grandes telas e dirigido por Peter Jackson, o mesmo que dirigiu a saga de O Senhor Dos Aneis. Hogan é um escritor premiado, com alguns de seus romances também adaptados para o cinema, mas ainda sem a mesma fama que a de Del Toro.
(Fonte: diversas.)

Noturno inicia a saga vampiresca com a cena de um avião vindo da Europa e que pousa em Nova York, mas não há uma única comunicação via rádio, assim como também ninguém desce da aeronave. Logo percebe-se que algo de muito estranho aconteceu com todos os tripulantes, e pensando se tratar de um possível ataque terrorista ou de algum tipo de infecção por um vírus poderoso, polícia, forças armadas e um grupo do Controle de Doenças da cidade é chamado para acompanhar a situação. Os corpos encontrados são enviados para autópsia, mas nem todos estão mortos. Logo uma epidemia começa a se espalhar rapidamente, pois aqueles considerados defuntos são vistos caminhando, com algum tipo de mutação física e com uma vontade assassina e sem limites, o que dá mais vazão à suspeita de infecção por algum vírus desconhecido. Basicamente todo o enredo do primeiro volume é sobre os especialistas procurando descobrir a causa da epidemia que vai tomando conta de toda Nova York.

Em A Queda, algumas pessoas já estão totalmente cientes de que uma invasão de vampiros tomou conta da cidade e começou a contaminar todo o resto do planeta a uma grande velocidade. Um velho estudioso e matador de vampiros ajuda um grupo de resistência formado por uma epdiemiologista e sua colega e namorada, um exterminador de ratos de origem russa e um ex-líder de gangue mexicano. Vem a necessidade deles se apoderarem de um livro perdido que conta a história do surgimento da praga vampiresca, onde esperam buscar respostas para eliminar o Mestre, como é chamado o senhor dos sugadores de sangue, e com ele, toda a raça de monstros que são controlados por ele por alguma forma de poder psíquico.

No último volume, Noite Eterna, a humanidade já virou escrava para trabalhar a serviço dos vampiros, além de servir de alimento e de produzir novos seres humanos para manutenção do gado humano, como são chamados todos os que se curvaram ao Mestre. O livro perdido, Occido Lumen, é achado e o esforço do grupo de resistência para decifrá-lo e descobrir o ponto fraco do senhor dos vampiros, além de se manterem vivos toma conta das páginas. E acho que já falei demais sobre toda a história.

Agora o interessante sobre a construção dos vampiros pelos autores: eles usam de argumentos científicos para explicar a praga vampiresca, mostrando que o vampirismo é literalmente uma doença transmitida por vermes que contaminam o corpo do hospedeiro. A transmissão é feita por um ferrão desenvolvido na garganta, e não por dentes pontiagudos. Devido ao ferrão, um vampiro não possui o dom da fala, mas se comunica por telepatia. Entretanto, Del Toro e Hogan mantiveram algumas características clássicas, desde a primeira descrição de uma criatura sugadora de sangue no livro Drácula, de Bram Stoker, como o fato de que tal criatura só pode atravessar uma massa de água com a ajuda de um humano, ou que não suporta o contato com a luz do sol. Além disso tudo, misturaram aspectos bíblicos e históricos aos científicos já citados. Acredito que a trilogia se torna interessante por tratar os vampiros como verdadeiros predadores brutais, porém com certa verossimilhança ao conhecimento humano, e não apenas como uma criatura mágica, sem origem definida e fruto de superstições.

Antes de surgir o primeiro filme, caso você tenha ficado curioso, é bom conferir os livros. Porque, com toda a certeza, já está havendo algum movimento em Hollywood para transpor a trilogia para o cinema. Aliás, você já pode ter um gostinho do que fizeram como book-trailer por aqui.

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